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O caos como estrutura: entrevista com Luis Felipe Noé

Júnior Coruja, Juliana Cunha e Luiz Paladino

O caos como estrutura: entrevista com Luis Felipe Noé

Luis Felipe “Yuyo” Noé. Mais longevo e um dos mais relevantes artistas argentinos de sua geração. Também professor e intelectual, ator e testemunha de fatos estéticos – e históricos! – que sacudi- ram estruturas em solo latino-americano desde os anos 60. Mentor do grupo Otra Figuración, seus trabalhos marcam, para autores como Luis Camnitzer, um passo importante rumo aos conceitualismos da América do Sul, e, para artistas brasileiros do mesmo período, como Rubens Gerchman, Carlos Zílio e Antônio Dias, uma relação de im- pacto direto em suas produções.
Autor de documentos importantes como Antiestética e Una Sociedad Colonial Avanzada, Noé participou, ainda, do ciclo de Encuentros de artistas del cono sur, importantes conversações em Santiago (Chile) nos
anos 70, que reuniram artistas e intelectuais daquela porção do con- tinente. Conversações nas quais o artístico ocupava um lugar estra- tégico em termos de uma emancipação, de fato, para as populações latino-americanas.
Vale destacar o sempre instigante conceito de caos que Noé desen- volve em sua obra pintada e escrita, e que vem sofrendo modifica- ções à medida que uma incipiente sociedade de consumo dos anos 60 caminha em direção à globalização dos tempos atuais. Sua obra plástica e escrita reflete, em boa medida, um olhar de quem esteve por vezes em países centrais do capitalismo como Estados Unidos ou França, bem como as contradições de uma modernidade que se instaura, via de regra, de maneira precarizada em países como Brasil e Argentina.
A Círculo de Giz se orgulha de trazer, para o público brasileiro atual, as visões e produção de um artista portenho que exala, do alto de seus 89 anos, lucidez e rara capacidade crítico-plástica que conside- ramos fundamentais em termos de um cenário latino americano e mesmo mundial das artes visuais.

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