Este texto foi escrito em forma de diário, de forma a tentar seguir o fluxo dos dias e das ideias, das leituras, e o que foi surgindo pelo tempo que foi estabelecido para escrevê-lo. Teria ficado maior se tivesse mais tempo? Com certeza! Essa compulsão pelo trabalho de pesquisa, a obsessão da busca pela informação e a curiosidade de conhecer sempre fizeram parte de minha vida, enquanto professora e intelectual, e como pessoa. A ideia desencadeadora para esta narrativa está ligada à noção de fragmento, que me acompanha desde os tempos de minha tese de doutorado, e com a qual tenho uma profunda ligação, que vem de meu modo de pensar o mundo e os seres humanos, e de perceber que jamais alcançaremos a linearidade, muitas vezes almejada, numa narrativa de vida. São fragmentos, sempre fragmentos. Algumas vezes mais sólidos, com suportes mais precisos fixados em testemunhos (como cartas, fotografias, anotações, diários, lembranças alheias, memórias de outros etc.); outras vezes bastante fugidios e efêmeros, mas que fazem parte disso que somos, disso que nos constituímos, que nos tornamos.